quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

The Real Macaw! Cansou de arara, não?

Eu jurei pra mim mesmo que não ia usar este blog para entrar na minúcia de identificação de espécies muito parecidas de aves — coisa para um público mais especializado em observação de pássaros. Mas quando pousa e grita na sua frente, dentro do conjunto, a terceira e maior e mais difícil espécie de arara que tem na região, tem que contar pros vizinhos, não é?

A arara-vermelha (Ara chloropterus) tem uma mancha verde na asa (no lugar da amarela da araracanga), linhas escuras na cara, e um tom de vermelho mais escuro, além de outras diferenças mais sutis.

Por Mario Cohn-Haft

09 de janeiro de 2017

O título dessa postagem é um trocadilho de “bird-nerd” e vem de uma frase em inglês, “the real McCoy”, que significa “a coisa verdadeira”.  Não sei direito a origem, mas poderia ser usado assim, por exemplo: “Essa bijuteria é feita de lata e vidro, mas esse colar de ouro é the real McCoy”. Agora, inglês para arara é “macaw”, então não resisti comentar que, agora sim, recebemos visita da arara mais especial que temos: a arara-vermelha “verdadeira” (nome científico, Ara chloropterus).

Habita matas intactas de terra firme e muito raramente aparece na cidade ou em lugares com pertubação humana.

Você agora tá mais confuso que nunca, depois de ler tanto inglês, ouvindo que a arara vermelha que vê esses anos todos não é a verdadeira!  Como assim?  É que a nossa arara vermelha da cidade é, na nomenclatura oficial ornitológica, a araracanga (nome científico, Ara macao).  Ela difere da outra em vários detalhes. A mais notável é que ela tem uma mancha amarela na asa, que separa a cor vermelha do corpo do azul da ponta da asa. Na vermelha verdadeira essa mancha é verde e não se destaca tanto, formando um degradê de cores na asa. E têm outras diferenças mais sutis: a verdadeira é maior, de um tom de vermelho mais escuro (tipo sangue), a cara com linhas escuras mais visíveis, e a cauda mais grossa.

A araracanga (Ara macao) habita matas ribeirinhas e se adaptou às áreas verdes mais extensas da cidade.  Se destaca pela mancha amarela na asa e pelo tom de vermelho ligeiramente mais alaranjado.

Não duvide.  Apesar das semelhanças, são espécies diferentes mesmo.  Seus gritos são muito parecidos (e eu nem sempre arrisco dizer quem é quem pelo som), mas seus hábitos e distribuições divergem. A araracanga na região amazônica prefere florestas ribeirinhas. Como a maioria das aves adaptadas à cidade de Manaus, é basicamente uma espécie de várzea.  Já a arara-vermelha se limita mais às matas intocadas de terra firme, longe dos centros urbanos.

Hoje me surpreendi a topar com uma gritando no topo de uma árvore na esquina da Cedroramas com a Humboldt. A moradora Dayse já tinha me falado de ter recebido umas visitas dessa espécie numa fruteira dela no ano passado. Será que entrou nesse frenesi de papagaios que estamos vivendo?  Sorte a nossa!

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