Vou descobrindo com o passar do tempo que só contar os eventos ornitológicos notáveis, sem nenhuma forçação de barra, já dá um ritmo razoável a essa coluna esporádica. Hoje a visita de honra foi de uma ave bem diferente, que apenas escutei, mas quando visto é um bocado estranha e um bocado bonita. O pavãozinho-do-pará.
O pavãozinho-do-pará (Eurypyga helias) em repouso. Foto: Anselmo d’Affonseca. |
Por Mario Cohn-Haft
17 de maio de 2017
Foi cedinho durante a caminhada com os cachorros (naturalmente) que escutei o assobio meio preguiçoso, meio melancólico (clique para ouvir) vindo de algum lugar escondido na beira do lago. Não procurei, pois os cachorros teriam o assustado, e tava sem binóculo pra ver de mais longe. Mas se você procurar, não me surpreenderá descobrir que veio pra ficar por uns dias, talvez até umas semanas. Não seria a primeira vez.
Digo estranho porque não tem nenhuma outra ave parecida. É a única espécie da família Eurpygidae e só ocorre na parte tropical das Américas. Mas a espécie mais parecida, o kagu, é outro estranhão que ocorre somente em Nova Caledônia, pra lá da Austrália!
Se encontrar o pavãozinho caminhando discretamente no chão da mata, perto da água, vai lembrar algo entre um socó e uma saracura. Cata metodicamente as folhas secas, procurando insetos pra comer. Mas se você tiver a sorte de ver ele voar, aí vai se surpreender e ainda entender melhor o nome. As asas abertas revelam um desenho que lembra uma mandala ou um sol em cada asa, quase parecendo olhos de um outro ser, muito maior e inesperado (veja nesta foto http://www.wikiaves.com.br/227067 e outras no Wikiaves).
Por isso, vale gastar um tempinho na beira do lago procurando!