quinta-feira, 18 de maio de 2017

Pavoneando no lago

Vou descobrindo com o passar do tempo que só contar os eventos ornitológicos notáveis, sem nenhuma forçação de barra, já dá um ritmo razoável a essa coluna esporádica.  Hoje a visita de honra foi de uma ave bem diferente, que apenas escutei, mas quando visto é um bocado estranha e um bocado bonita.  O pavãozinho-do-pará.

O pavãozinho-do-pará (Eurypyga helias) em repouso.  Foto: Anselmo d’Affonseca.

Por Mario Cohn-Haft
17 de maio de 2017

Foi cedinho durante a caminhada com os cachorros (naturalmente) que escutei o assobio meio preguiçoso, meio melancólico (clique para ouvir) vindo de algum lugar escondido na beira do lago. Não procurei, pois os cachorros teriam o assustado, e tava sem binóculo pra ver de mais longe. Mas se você procurar, não me surpreenderá descobrir que veio pra ficar por uns dias, talvez até umas semanas. Não seria a primeira vez.

Digo estranho porque não tem nenhuma outra ave parecida. É a única espécie da família Eurpygidae e só ocorre na parte tropical das Américas. Mas a espécie mais parecida, o kagu, é outro estranhão que ocorre somente em Nova Caledônia, pra lá da Austrália!

Se encontrar o pavãozinho caminhando discretamente no chão da mata, perto da água, vai lembrar algo entre um socó e uma saracura. Cata metodicamente as folhas secas, procurando insetos pra comer. Mas se você tiver a sorte de ver ele voar, aí vai se surpreender e ainda entender melhor o nome. As asas abertas revelam um desenho que lembra uma mandala ou um sol em cada asa, quase parecendo olhos de um outro ser, muito maior e inesperado (veja nesta foto http://www.wikiaves.com.br/227067 e outras no Wikiaves).

Por isso, vale gastar um tempinho na beira do lago procurando!

2 comentários:

Unknown disse...

Caraca Mario, não acredito que esse bicho está aqui do nosso lado! Ele é migratório? Ou acha que pode ser um residente do lago acariquara? Vou tentar encontra-lo nesse fim de semana! Obrigado pelo lindo relato...

Mario Cohn-Haft disse...

pois eh diogo, procure mesmo. aposto que acha. migratorio, migratorio mesmo, nao acho. mas o bicho nao fica o ano todo no mesmo lugar. tem uma tendencia de aparecer em lugares de terra firme depois de muita chuva qdo alaga nos pontos baixos. sei la, poderia ate reproduzir na beira do lago, acredito. mas nao acho q fica direto. espero que encontre!